VERMELHO VIVO
Ângela Berlinde
Curadora
Em 2024, comemoramos meio século da Revolução dos Cravos, símbolo da liberdade em Portugal, e seis décadas do golpe militar no Brasil — dois marcos históricos que ecoam, com força e urgência, no nosso tempo extraordinário e repleto de inquietações.
Vermelho Vivo é um grito apaixonado, uma resistência vibrante contra as ameaças à liberdade, dando corpo a uma força que celebra a democracia conquistada em Portugal, a libertação das ex-colônias africanas e, com igual fervor, a coragem e a resiliência do povo brasileiro na luta contra a brutal opressão da ditadura militar. Este é um movimento vital, feito de amor e revolução, que nos convida a revisitar nossas lutas e conquistas, tecendo histórias de coragem e transformação em um manifesto coletivo de liberdade e dignidade. Porque, na essência, a arte é poesia, e o poema é liberdade.
Em um mundo que clama por mudanças, a arte emerge como uma voz de resistência e transformação. A arte será sempre, na sua máxima expressão, um gesto político. Ao explorar o imaginário contemporâneo, a exposição nos convida a imaginar futuros. As dúvidas tornam-se motoras de reflexão, e a pulsão e o desejo são energias vitais que nos impulsionam a construir novas realidades. Aqui, o questionamento é constante, e o convite é claro: resistir, imaginar, e, sobretudo, não ter medo de sonhar.
Vermelho Vivo no Museu da Imagem e do Som, convida o público a vivenciar imagens, poemas e canções como forma de refletir sobre as ideias de Liberdade e Revolução em um momento de urgência e futuro. A exposição inflama o valor máximo da liberdade, acentuando a força das lutas e a vibração da revolução, abrangendo um período de criação contemporânea que vai desde o início dos anos 70 até os dias de hoje. Artistas e pensadores da geografia luso-afro-brasileira respondem a um mundo em transformação, reconfigurando os significados da liberdade e evocando seu valor político, ao mesmo tempo em que apontam novos sentidos para a existência.
Vermelho Vivo é também uma revolução, uma instalação total que pulsa como um grande órgão, um coração que vibra sem limites e em plena liberdade.
A exposição é realizada pelo Museu da Imagem e do Som do Ceará e pela Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais do Estado do Ceará (RECE), em parceria com o Fotofestival SOLAR.
A CURADORA
Ângela Berlinde
Ângela Ferreira ( aka Berlinde, Porto, 1975 ) é artista, curadora e investigadora em Fotografia, com Pós Doutoramento em Artes e Poéticas Interdisciplinares pelo PPGAV da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É doutora em Educação Artística, Comunicação Visual e Expressão Plástica pela Universidade do Minho em Portugal e tem o European Media Master em Fotografia, pela Utrecht School of Arts-Holanda. É Pós-Graduada em Direção Artística e Práticas Curatoriais e Licenciada em Direito pela Universidade do Minho, sua primeira formação académica. Foi responsável pelo posicionamento estratégico e assumiu a direção artística do GNRation em Braga, ponto de referência no Cluster Regional de Indústrias Criativas. É Co-fundadora do Festival Internacional de Fotografia Encontros da Imagem, tendo colaborado como Diretora geral e artística e atua como curadora independente em festivais e exposições, como a Bienal de Fotografia de Beijing, na China, o Korea International Photo Festival e o Goa Photo, na Índia. Integra a associação curatorial Oracle e o Conselho de Curadores do Museu da Fotografia de Fortaleza, no Brasil. Integra desde 2018 a equipe de Coordenação geral do Fotofestival SOLAR, no qual é consultora artística. É co-fundadora do Nervo Observatório dos Fotolivros em Portugal, uma plataforma dedicada à reflexão e pensamento crítico em torno das visualidades implícitas ao fotolivro.
ARTISTAS
Alberto Carneiro Alfredo Cunha Aline Motta & Ricardo Aleixo Ana Hatherly Bárbara Fonte Berna Reale Boris Kossoy Catarina Laranjeiro & Daniel Barroca Celso Oliveira Délio Jasse Denilson Baniwa Edgar Kanaykõ Xakriabá Elaine Pessoa Evandro Teixeira |
Fernando Lemos Fluxo Marginal Glauber Rocha Hilda de Paulo João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira Jochen Moll Juca Martins Luísa Sequeira Mané Pacheco Maria Velho da Costa Marcelo Brodsky Miguel Ângelo Marques Nuno-Nunes Ferreira Coletivo Oficina Arara |
Olinda Tupinambá Oswald de Andrade Patrícia Almeida & David-Alexandre Guéniot Rafael Bordallo Pinheiro Rita Barros Rosa Gauditano Ruca Bourbon Soraya Vasconcelos Shinji Nagabe Tales Frey Túlia Saldanha Vitor Martins |
LIVROS, POEMAS, FILMES & CANÇÕES
Chumbo, Papel & Cravos: 13 Livros da Ditadura no Brasil + 13 Livros da Revolução das Flores em Portugal + 3 Livros do Coração da Terra:
Portugal Ano Zero: livros de fotografia da Revolução, com curadoria de José Luís Neves, Luís Pinto Nunes e Susana Lourenço Marques.
As Paredes em Liberdade - José Marques | As Paredes na Revolução: Graffiti - Sérgio Guimarães | Da Resistência à Libertação - Abel Fonseca, Alberto Gouveia, Alfredo Cunha, CIDAC, Eduardo Gageiro, Fernando Baião, Francisco Ferreira, Hernando Domingues, João Paiva, José Tavares, SECS | Grândola - Reportagen aus Portugal - Jochen Moll | O Livrinho Vermelho do Galo de Barcelos - José Teixeira, Avelãs Coelho, Lourenço Pereira | Orgulhosamente Muitos - F. Gonçalves UNIPRESS | Os Salazarentos - M.A. Mendes | Primo Maggio a Lisbona - Giancarlo De Bellis | Portogallo - Antonio Sferlazzo | Portugal Livre: 20 Fotógrafos da Imprensa Contam Tudo Sobre a Revolução - Abel Fonseca, Alberto Peixoto, Alfredo Cunha, António Xavier, Armando Vidal, Carlos Gil, Correia dos Santos, Eduardo Baião, Eduardo Gageiro, Fernando Baião, Francisco Ferreira, Inácio Ludgero, João Ribeiro, José Antunes, José Tavares, Lobo Pimentel Jr., Miranda Castela, Novo Ribeiro, Rui Pacheco, Teresa Montserrat | Revolução e Mulheres - Lisa Chaves Ferreira | Una Storia Portoghese - Fausto Giaccone | Uma Certa Maneira de Cantar. Reforma Agrária: unir, construir, vencer - Costa Martins.
Papel e Chumbo: fotolivros e ditadura no Brasil, com curadoria de Miguel Del Castillo a partir da Biblioteca do Instituto Moreira Salles.
.A Mesma Luta - Rosa Gauditano | Auto-photos - Gretta Sarfaty | Carnaval - Bina Fonyat | Documento: a Greve do ABC - Nair Benedicto, Juca Martins | Encontro na Bahia 79: XXXI Congresso da UNE - Milton Guran | Há 50 Anos Hoje - Carolina Cattan | P14311 - Diego Di Niglio | República das Bananas - Shinji Nagabe | Sete Quedas - Shirlene Linny e Julio Cesar Cardoso | Sobremarinhos: Capitanias e Tiranias - Gilvan Barreto | Somos Todos Alvos aqui - Rogério Vieira | Um Rio em 68 - org. Ana Lucia Machado de Oliveira | Viagem pelo fantástico - Boris Kossoy
Coração na Aldeia, Pés no Mundo, livros indígenas com curadoria de Ângela Berlinde e Fabiana Bruno.
ÃÃpekôyp Yvy – Corpos Terra - Priscila Tapajowara, Sandrieli Kaiowá, Vanessa Pataxó | Coração na aldeia, pés no mundo - Auritha Tabajara | Hêmba - Edgar Kanaykõ Xakriabá
Cinema da Revolução: Programa que aborda revoluções históricas e contemporâneas, como a Revolução dos Cravos, a ditadura no Brasil, as lutas na África, a ancestralidade e as lutas indígenas. Filmes que denunciam opressões e afirmam o cinema como forma de resistência e luta.
Fogo no Lodo - Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca | Ibirapema - Olinda Tupinambá | O Cravo e a Rocha - Lu Sequeira | O que Podem as Palavras - Lu Sequeira e Luísa Marinho | 25 de Abril 50 Anos - Alfredo Cunha
Para Romper com o Silêncio: Música como forma de Protesto, co-curadoria de Paula Guerra. Instalação sonora composta por discos de vinil, onde a música surge como ato político e resistência poética na geografia luso-afro-brasileira.
BR: Cabeça Dinossauro - Titãs | Os Mais Doces Bárbaros - Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia | Fa?brica - Legião Urbana | Mania de Você - Rita Lee | Metamorfose Ambulante - Raul Seixas | Necropolítica - Ratos do Porão | Samba do Operário - Luca Argel | Sangue Latino - Secos & Molhados | Tanto mar - Chico Buarque | Um Por Todos - Elis Regina | Viva a Revolução - Dinho Ouro Preto
PT: Agente Único - GNR | A Máfia Lusitana - Luís Cília | Dinheirinho - General D e Os Karapinhas | Dinheiro - Sereias | Good Reality - The Parkinsons | Hoyo Hoyo - Selma Uamusse | Mona Ki Ngi Xica - Bonga | Medo do Medo - Capicua | Paz, Poeta e Pombas - José Afonso | Perfilados de Medo - JP Simões | Sound Of Kuduro - Buraka 4 ever | Srs. Políticos - Censurados | Tem Dor (África de Itamaracá) - Batida | Utopia - Dino d’Santiago
Faz Escuro, Mas Eu Canto
Instalação Imersiva que convida o público a refletir sobre a luta contínua pela liberdade. Uma nova noite se aproxima, ameaçando eclipsar as conquistas e reparações alcançadas. Devemos estar atentos e fortes, pois a festa não pode acabar. Concebido pelo coletivo de artistas luso-brasileiros, o espetáculo conta com a direção criativa de Wellington Gadelha e Fluxo Marginal, trilha sonora assinada por Eric Barbosa, assistência de documentação e criação sonora por Ruca Bourbon e montagem de Matheus Silva Rocha.
ARQUIVOS, MUSEUS E GALERIAS
Arquivo Municipal de Lisboa; Arquivos RTP: Rádio e Televisão Portuguesa; Arquivo BNP: Biblioteca Nacional de Portugal; BPK-Bildagentur: Cultural Treasures for Creative Minds; Centro de Arte Moderna - Fundação Calouste Gulbenkian; Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema; Diamang Digital; Fundação Biblioteca Nacional/Biblioteca Digital Brasileira; Galeria Cristina Guerra Contemporary Art - Lisboa; Instituto Moreira Salles - IMS Paulista; Museu Bordallo Pinheiro - Portal Revista de Ideias e Cultura; Museu de Fotografia de Fortaleza; StudioR.
CURADORIA CANÇÕES
Paula Guerra é Professora Associada de Sociologia na Universidade do Porto e Investigadora no Instituto de Sociologia da mesma Universidade. Paula é Professora Associada Adjunta do Griffith Centre for Social and Cultural Research da Griffith University na Austrália. É ainda investigadora do CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória, do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) e do DINÂMIA'CET – Iscte, Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território. É fundadora/coordenadora da Rede Todas as Artes: Rede Luso-Afro-Brasileira de Sociologia da Cultura e das Artes e da KISMIF (kismifconference.com e kismifcommunity.com). É presidente da International Association for the Study of Popular Music (IASPM) Portugal e vice-coordenadora da Research Network de Sociologia da Arte da European Sociological Association. Coordena vários projetos de investigação subordinados às culturas juvenis, sociologia das artes e da cultura, cocriação, metodologias e técnicas de investigação, culturas DIY, entre outros temas. Tem igualmente orientado vários projetos de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento nas áreas mencionadas. Paula é editora-chefe (com Andy Bennett) da revista da SAGE DIY, Alternative Cultures and Society.
CURADORIA LIVROS
Miguel Del Castillo é escritor, tradutor, editor e curador. Nasceu no Rio de Janeiro e vive em São Paulo. É autor dos livros Restinga (contos, 2015) e Cancún (romance, 2019), ambos publicados pela Companhia das Letras. Foi escolhido como um dos vinte melhores jovens escritores brasileiros pela revista Granta em 2012. Atua como coordenador da Biblioteca de Fotografia do Instituto Moreira Salles, tendo sido também editor da Cosac Naify e do site da revista ZUM. Manteve por um ano uma coluna sobre fotolivros no site da livraria Megafauna e é mestrando em Literatura Comparada na Universidade de São Paulo (USP).
Susana Lourenço Marques
Professora, curadora e editora independente (PT)
É Professora Associada na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e doutorada em Comunicação e Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Universidade Nova de Lisboa. É Investigadora integrada do I2ADS/Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e autora dos livros Ether/um laboratório de Fotografia e História (Dafne, 2018) e Pó, cinza, nevoeiro - um ensaio sobre a ausência (2018), tendo co-editado Livros de Fotografia em Portugal da revolução ao Presente (2023), Lágrimas de Crocodilo (2022) e Pedagogy of the streets, Porto 1977 (2018).
Como curadora destacam-se as exposições: Quem te ensinou? Ninguém, de Elvira Leite (2016), Galeria Portátil PLF (2018), Imagem/Técnica, os inventários de Emilio Biel(2020), Opacity of Water (2021), Loss of Aura (2022) Eternal Youth (2023) e No tempo dos Dias Lentos (2023).
Co-fundou em 2014 a editora Pierrot le Fou (www.pierrotlefou.pt).
Luís Pinto Nunes (Porto, 1988). Licenciado em Artes Plásticas (2010), pós-graduado em Estudos Artísticos - Estudos Museológicos e Curatoriais (2011) e Mestre em Estudos de Arte - Museologia em Curadoria (2023), pela FBAUP. Em 2012 frequentou o programa Independent Study Program da Escola Maumaus de Jürgen Bock. É coordenador do Museu e Gabinete de Exposições da FBAUP, desenvolve projectos expositivos e curatoriais, é curador e gestor da sua colecção. Desde 2010, coordena o LPN-LAP, onde desenvolve projetos curatoriais e expositivos, editoriais e consultoria em projetos culturais. Membro do comité de organização e curador da xCoAx - Computation Communication Aesthetics and X [2014-24]. Membro investigador do i2ADS - FBAUP. Membro da comissão de aquisições e obras de arte para a colecção da CMP [2018-19]. Integra a comissão de apreciação do Programa de Apoio a Projectos – Artes Visuais e Programa de Apoio Sustentado – Bienal 2025-2026 – Artes Visuais, da DGArtes [2024].
José Luís Neves é professor de história e teoria da fotografia nas universidades de Northampton e Ulster no Reino Unido. Completou o seu mestrado em História da Fotografia pela Universidade De Montfort e terminou o seu doutoramento na Universidade de Ulster em 2017 onde desenvolveu uma ampla investigação académica sobre a história e historiografia do livro de fotografia. Iniciou a sua prática de curadoria no Wilson Center for Photography em 2010 e tem desde então comissariado várias exposições sobre o livro de fotografia em colaboração com o festival Photobook Week Aarhus na Dinamarca. Participa regularmente em conferências e festivais europeus dedicados à fotografia e ao livro de fotografia e tem publicado artigos sobre o mesmo assunto em diversas publicações especializadas – Photo Researcher, Compendium, Source Magazine, Belgium Platform for Photobooks, OCAT Institute Beijing.
Fabiana Bruno é doutora em Multimeios pelo Instituto de Artes da Unicamp e pós-doutora em Antropologia Social pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e pela Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. É editora e atua em projetos de fotolivros com a Fotô Editorial, em São Paulo. Coordena e orienta grupos de estudos em fotografia no Ateliê Fotô-SP. Entre suas curadorias mais recentes está a exposição Coração na Aldeia, Pés no Mundo, de 22 artistas indígenas e não-indígenas, curadoria compartilhada com Fabiane Medina da Cruz, no Sesc Piracicaba, 2022-2023; Integrou a equipe de Consultoria e Formação do Educativo Sesc durante a exposição Levantes, de Georges Didi-Huberman, no SESC Pinheiros, SP, em 2017. Fundadora e coordenadora de projetos curatoriais do ACHO – Arquivo Coleção de Histórias Ordinárias, em Campinas.